Ansiedade, depressão, desejo desmedido, ávida busca por
atenção, popularidade e tentativa de fazer parte de um grupo são vontades
advindas da longa e constante imersão da criança, do jovem e do adulto nas
redes sociais. As relações humanas, o verdadeiro afeto, as conversas
familiares, os bons momentos juntos, as boas memórias daquela viagem
inolvidável, a expressão dos sentimentos: as alegrias, as tristezas, os bons
anseios etc. Coisas que vão para além das telas dos computadores e daqueles que
superam a população mundial. Os smartphones.
Em tempos tão efervescentes onde muita
coisa acontece num exíguo espaço de tempo, vez por outra algumas dessas estão
sob os nossos narizes, mas não estamos apercebidos disso. No país cuja face
voltada para o exterior mostra-se hospitaleiro, alegre e de bem com a vida, a
final aqui é o “país do carnaval”, põe-se em xeque a saúde mental – diga-se
psíquica-, dos seus mais 5% considerados pela Organização Mundial da Saúde, com
base em estudos executados a partir de 2005 e mais 10 anos à frente –
diagnosticados com depressão, ainda que esteja em voga a busca pelo bem-estar
mental interior. Mas não tão somente o estilo de vida particular a cada um
destes que padecem dessa enfermidade estão sob a mira dos pesquisadores, mas
sim todos nós passageiros dessa vida.
Atendo-me à este parêntese que
agora abro, penso fazer bem em lançar mão da música Dust in the Wind(Poeira
ao Vento) (Kansas, 1978) – simplificando para os amigos hei de citar um excerto
traduzido que, cabe muito bem à este simples artigo:
Apenas por um momento
E o momento se foi
Todos os meus sonhos
Passam diante dos meus olhos, em curiosidade
Poeira ao vento
Tudo o que eles são é poeira ao vento”
(Kansas, 1978)
(Kansas, 1978)
Vão se perdendo as conexões
afetivas, familiares e físicas para dar lugar à sentimentos, expressões de
afeto e à construção subjetiva de novos laços pois não mais fazemos parte de um
único círculo que é o familiar, mas sim também de uma aldeia global que são as
redes sociais e seus atores, da ordem de bilhões.
Caríssimos amigos, que não
resignemos nossas próprias vidas para viver virtualmente a vida alheia, que não
façamos sacrifícios desmedidos – principalmente as mulheres bombardeadas pela
indústria da beleza, sendo impelidas a seguir determinados padrões, tentando à
duras penas serem aceitas e se encaixarem em certos parâmetros e ditames de
normalidade. Quanto aos homens, a busca pelo corpo perfeito pregado e vendido
pelos grandes influenciadores tem prejudicado a saúde de uns e suplantado a autoestima
de outros, por estes não serem bem quistos ao olhos de alguns quanto aos seus dotes físicos se comparados a uma outra parcela de homens corpulentos e musculosos, e supostamente
mais bem-sucedidos em engendrar relacionamentos com o sexo oposto. No entanto
essas são pessoas vazias de si mesmo, de conteúdo, de vivência como
experiência. Não se inspirem neles.
Amem seus verdadeiros amigos nas
rodas de conversa, nas suas casas, não através duma simples tela e de uma
simples rede que, ao clique uma amizade pode ser instantaneamente desfeita.
Amem seus pais e avós, respeitem o seu próximo. A vida, seus momentos e nossos
sonhos são, afinal como poeira no vento. Apenas viva.
Marcus Alves
Marcus Alves
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